Maradona vive na cidade: os murais do D10S

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Imagem: Telam

Estamos quase dois anos sem Diego Maradona, desde o 25 de novembro de 2020. Mesmo assim, ele continua vivo na sociedade e na cidade. A presença de El Diego está em todos os cantos da cidade, em formato mural.

Recentemente, o maior mural na sua homenagem foi terminado. E com ela, o orgulho de todos aqueles amam ao Diego.

O mural vive num edifício de 12 andares localizado nos arredores da praça Lola Mora, na avenida San Juan às 1600, Retiro. O mural foi trabalho do muralista Martín Ron.

A imagem exigiu cerca de 800 litros de tinta. Tem 45 metros de altura e 40 metros de largura, pois a idéia é que “pode ser visto de diferentes partes da cidade”.

Imagem: Telam

Buenos Aires, Argentina e no mundo, os murais de Maradona reforçam o amor que existe pelo futebolista argentino.

Curtam dos Aires del Diego!!

Novo EP do “DRUPA – Precipício”

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Parte do intercambio, conhecer outros espaços e culturas, é tentar nos expor e absorver. A musica é parte fundamental das culturas da nossa região.

O blog é sobre Buenos Aires (e, claro, da argentina federal e diversa), mas se trata também de um intercambio de aprendizado entre todas, todos e todes.

Final do ano passado lançamos um novo álbum, Precipício. Foi gravado no Rio de Janeiro, e produzido pelo craque e amigo do Seu Cris no estudo La Caverna.

Drupa é uma banda de um e muitos, e em cada álbum, vários colaboradores deixam sua marca. Desta vez, a bateria ficou a cargo do Rivaldo, um fenômeno. As guitarras, como no disco anterior, ficaram nas virtuosas mãos do amigo Demian Melo. A cada álbum, mais consolidado. As vozes, baixo, acústicas, algumas guitarras e teclados, ficaram a cargo de DRUPA.

A arte do EP, é uma litografia original de Gache Roldan. Artista plástica argentina com uma longa trajetória.

A arte visual ficou a cargo de, Roman, conhecido como Rokman, uma mão sempre desde argentina.

O primeiro Vídeo que lançamos ficou nas mãos da dupla Miguel e Rebeca – photon.duo

CUERPOS ATRÁS / DRUPA – LINK VideoClip: Youtube

Pedimos para que nos deem uma mão, nos apoiem nas diferentes plataformas, dando um coração, like ou curtidas, seguindo a gente!

O álbum no Spotify: LINK PRECIPIO





A pagina oficial no Youtube de DRUPA: LINK

Estamos em todas as plataformas

Feliz 2022 pra todes!

Argentina e a vacina do COVID-19

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Fonte: WIKI

A pandemia mexeu com tudo e todos. Cada pais tentou lidar a sua maneira. No brasil, tivemos o pior enfrentamento da pandemia com a liderança de um governo negacionista, genocida.

Na argentina, o governo do Fernandez tentou e tenta o melhor mesmo com muitas dificuldades. Especialmente, as econômicas.

O governo argentino implementou muitas politicas publicas para tentar reduzir o impacto da pandemia na população, especialmente aos mais vulneraveis.

A ideia do post é dar alguns sites para todas e todos aqueles que desejem planejar alguma viagem argentina, tenham alguns dados de como esta a situação.

Sobre a vacinação a nivel nacional: LINK

Sobre a vacinação no governo da cidade de Buenos Aires (CABA): LINK

Sobre a vacinação do governo da província de Buenos Aires (AMBA): LINK


Sobre a covid-19: OMS LINK

Sobre covid no mundo em tempo real: LINK

Aeroporto EZEIZA: LINK

Boa viagem!

E se cuide e cuidem dos outros

Heróis, zumbis e neoliberalismo: a revanche da solidariedade

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man wearing suit inside the room

Photo by Heorhii Heorhiichuk on Pexels.com

 

Estamos parados em um muro móvel, em uma transição que ainda pouco entendemos, mas sentimos, ignorando o que vem pela frente. Sabemos que estamos em uma penitência autoimposta, de isolamento de abraços, de alienação quebrada, e do resgate do mínimo: a vida cotidiana.

O coronavírus exibe tudo o que somos e que entendemos de nós. A cada interpretação deste processo, se demostram nossas possibilidades e horizontes: nossos sonhos e pesadelos não são maiores que nossa realidade, nascem dela. Alguns, como o governo federal, acreditam que a reflexão é perda de tempo. Assim, filosofia, sociologia, história e outras são áreas do conhecimento humano só “trazem atraso à humanidade”. Bom, essa linha de pensamento fala mais deles que dessas ciências especificamente.

O coronavírus nos traz uma série de questões e a cada um toca diferentes células. Comove-nos profundamente a feroz negligência do governo federal atual. Dói. Profundamente. Como a desigualdade. Mas ao mesmo tempo, tentando alguma estabilidade na catarata de informação planetária, existe uma constante: todos procuram uma solução mágica, uma forma de acreditar, de ter esperança em diferentes formatos. No bojo do drama humano em curso, os projetos de sociedades igualitárias precisam ser defendidos sob os signos da espera, da paciência, da angústia, e de relativa impotência. Não temos as ruas. Precisamos defender que os que tenham essa possibilidade não vão para as ruas. A defesa dos valores coletivos assume uma performance pouco visível, ausente do espaço público, restrita aos veículos de comunicação virtual.

Assim, as pessoas (e presidentes) navegam em seus delírios. Arsênico com doce de leite combate o coronavírus? Omeprazol com água sanitária limpa o estômago? A saída é vodca e masturbação? etc. A luta pelos imaginários é constante. Quem é o mau e quem é o bom? Quem nos vai salvar e liderar o mundo, China ou Estados Unidos?

O Ocidente, especialmente os Estados Unidos, lidera, historicamente, a construção de imaginários com alcance global. Nessa construção aparece sua filosofia, sua visão do mundo, seus valores, sua visão da economia e da sociedade. O neoliberalismo atravessa tudo nessa cultura, com valores e hierarquias. Nas últimas décadas, especialmente no cinema, os imaginários foram esboçando nortes e formas, sentenciando o correto e o errado, os valores a serem defendidos, os ganhadores e os perdedores, determinando as possibilidades de outros olhares. E há duas fortes imagens que aparecem dentro dos imaginários estadunidenses: os heróis e os zumbis.

Comecemos pelos últimos. Os zumbis estão mortos, mas vivos. Alguns são inteligentes, outros se tornaram máquinas sem alma, de pouca inteligência. Os zumbis são feios, não estão preocupados com a moda, nem a postura, pouco se importam pelo tipo de comida (a maioria faminta não é de veganos), melhor, não se importam com o estado da comida e, claro, de música, só lhes chama a atenção o som mais alto. Eles carecem de ritmo, ou gostam das danças dos 80s, tipo Thriller. Nesta construção das últimas duas décadas, quase coincidentemente desde 2001, os Estados Unidos deixaram claro que os zumbis são ruins e que eles só nos querem destruir ou comer. Talvez “The Walking Dead”, com uma década de TV, seja um exemplo. O “nós”(ocidente WASP?) são os bonitos, os inteligentes e os justos para morar na Terra. Filmes de zumbis têm de tudo, como área específica do cinema: terror, comédia, drama, românticos etc. Existe uma compreensão do mundo do “eles e nós” bem definida. Não existe dúvida da fronteira que separa os dois. O nível máximo de dúvida: a espera para saber se o humano se transforma em zumbis. Ponto. Somos diferentes, melhores e merecemos viver. Eles não.

Nessas últimas décadas, as versões dos zumbis não têm um cientista louco por trás, tipo Frankenstein; nem têm a linha badalada dos alienígenas (força incompreensível que traz diretamente o tema do minúsculo da humanidade). Os zumbis são um ex nós. E esta nova versão tem duas características: são matadores; e se expandem a partir de uma doença planetária que transforma a quase todos em monstros, ou seja, em zumbis. Ou seja, eles são nossos maiores temores.

Neste percurso de imaginários, os zumbis são uma construção do diferente de “nós”. O estrangeiro, o negro, o índio, o pobre, o feio, os ninguém. “Eles” (ou “nós”) são uma construção. “Eles” nos querem destruir ou comer. Não se dialoga com os que querem tirar “nossas” tradições e costumes. “Eles” são diferentes, rezam diferente, comem coisas diferentes, têm humor diferente, dançam diferente, eles colocam em xeque a “nós”. “Eles” ou “nós”?

Assim, se sintetiza: o planeta não é a convivência dos diferentes, mas a sobrevivência de só um deles. Com os zumbis, a vida de ninguém continua igual, porque se incorpora o outro, goste ou não goste. Dessa forma, tem que se adaptar a uma vida pior. O outro, não só nos ameaça, nos tira o “nós”. Como a figura do imigrante no discurso político atual. Os imaginários têm espaço e tempo. A última versão dos zumbis teve uma catarata de produções que deixaria com inveja qualquer um em Hollywood, mas colabora com a naturalização da narrativa de que que o diferente, a alteridade, é ruim. Um medo muito atual: o diferente. Claro, baseado nos princípios mais conservadores da existência: é sua vida ou a nossa? A reflexão, com os zumbis, fica castrada, de sentidos e símbolos.

Nesse sentido, há uma característica dos zumbis que está presente em todos os espaços do audiovisual: não é possível para falar com eles, não nos entendem. A palavra nunca é um recurso da relação com o “outro”. “Eles só querem nos comer ou destruir. Mesmo existindo inteligência, ela não é portadora de pontes e dos interesses do ‘nós’. Não importa o que eles nos possam dar.” Assim, tudo se reduz a morte ou vida, pela falta de interesse, por enxergar neles seres inferiores. Neste cenário, o sentimento de tolerância é um sentimento que só um suicida sem lógica pode estabelecer. “Eles” e “nós”? Não!

Essa xenofobia incorporada numa visão de imaginários é terrível e ela não está isolada. Existe a discriminação, o temor ao diferente, o medo da diversidade. Mas além disso, uma visão muito autoritária: morte ou vida. Não pode existir a tolerância. A dominação deles é a única possibilidade.

Existem os excluídos de sempre, claro. Estruturas institucionais dominadoras e racistas. O “make america great again” é a ideia básica da era dos zumbis. “Antes deles, tudo era melhor. Agora é um mundo apocalíptico desde a visão do consumo, de uma vida cotidiana que não existe mais por sua culpa. Nós não temos culpas, somos vítimas. E isso nos permite tudo, até desumanizarmos para defender a humanidade.” Não é, portanto, mero acidente irrefletido a qualificação de Trump faz da covid-19, como “gripe chinesa”. É uma síntese do espírito xenófobo e racista da extrema-direita global.

Os zumbis, nas margens, os ninguéns que geram uma aliança do “nós”. Nesta construção de imaginários e símbolos de épocas e espaços, os zumbis são os que atrapalham o sono do dominador e disciplina sua própria tropa.

Mas nesta construção de imaginários, os super-heróis estiveram presentes numa importante quantidade de produtos culturais. Nos Estados Unidos, o herói sempre está vinculado a sua posição de poder, acima ou fora da lei. Um herói, tem uma virtude que em geral quase ninguém tem, como ser bilionário. O herói é um bilionário, que por essa condição está acima das leis. Nada a ver com a realidade. O herói em geral tem uma característica: é solitário, individual, único. O herói trabalha sozinho (Superman), pelas costas das pessoas (Homem-Aranha), mesmo que alguns saibam disso (Alfred em relação ao Batman).

A colaboração entre heróis é como a relação entre estados: todos são soberanos, sabendo que alguns são mais fortes que outros. Os heróis são únicos e sozinhos. Não confundir com os últimos filmes da Marvel onde um monte de heróis lutam juntos. Ou seja, não é mais um filme de herói, mas sim filme de guerra. Todos são heróis que lutam num exército para salvar o mundo. Não são heróis, são bons sodados de um exército bom. Isso se chama marketing e consumo. Mas o herói é único. Se todos fossemos heróis, ninguém seria. Portanto, podem colaborar entre eles de forma esporádica, ante um entrave que precisa de solidariedade, mas herói trabalha sozinho e é individual e único, como sua virtude.

Esse modelo heroico é completamente distinto do clássico, no qual o heroísmo mantinha uma relação íntima com a bela morte. Morrer era a circunstância de efetivação da condição de heroica. As virtudes heroicas eram compartilhadas por todos sobre o denominador da morte, tornadas, consequentemente, modelos da vida coletiva. Os heróis contemporâneos da indústria cultural não possuem qualquer relação com a vida comum e tomam para si uma série de condições extraordinárias: eles agem em nome de todos sem serem eleitos; eles sabem o que é o melhor a fazer; eles não respeitam as leis, mas isso seria só um pequeno custo de os ter de nosso lado, o preço da servidão. Enfim, o herói tem todas as características de um autocrata, mas global, e com melhor marketing.

O neoliberalismo trouxe essas duas linhas. Os zumbis: “Eles” ou “nós”, “nossa” cultura ou “eles” quebrando “nossas” tradições; e os autocratas: “Eu os represento sem ser eleito, porque tenho virtude, sei o que vocês precisam. Às vezes, cuidar de vocês gera alguns custos, como quebrar as leis. Sou único.” Alguns valores são fixos: o excepcional acima de tudo, como os bilionários. Assim, o neoliberalismo é mais representativo que a democracia nesses imaginários. Importa a solução, não como ela vem.

O coronavírus, o novo arqui-inimigo, é perverso, porque deixa esses imaginários paralisados. O coronavírus é invisível, mas detectável. A única forma de pará-lo é a ação coletiva, com a solidariedade de todos. Então, inviabiliza a chamada do herói. Um médico sozinho não é herói, o sistema de saúde vai ser quem salva a todos. Um grupo, coletivo. A virtude já não é única nem individual, é coletiva. Não é por acaso que Trump e Bolsonaro, os principais representantes do neoliberalismo nas Américas, optaram, em um primeiro momento (o segundo persiste), pelo negacionismo e pela xenofobia. Também não é por acaso que aqueles que encarnam mais concretamente a natureza totalitária do neoliberalismo, como Rodrigo Duterte, nas Filipinas, tenham assumido a postura bélica contra aqueles que representem a ameaça de serem infectados, autorizando que a política atire nos que estiveram nas ruas. As duas retóricas que estruturam o neoliberalismo de extrema-direita se atualizam na crise (guerra e sobrevivência).

O coronavírus fala todas as línguas, lembra a todas as culturas que existiram outros momentos semelhantes de doenças, cada um a sua forma, com sua lembrança. Mas ela se torna única ao ser uma doença global de comoção imediata sem ter fronteiras. O mundo ficou menor, não o herói maior.

As respostas efetivas ao coronavírus quebram a lógica do “eles” ou “nós”. Nós somos eles. Por isso nos comove. Nós só podemos a ajudar a eles, que são nós também. Assim, apesar da diversidade cultural, das línguas e cores, o coronavírus se estende no planeta. Claro, afeta mais aos mais desprotegidos, por território e pela potência do racismo estrutural internacional e pela dominação. Ou seja, o coronavírus se adapta à realidade, e reconhece as vulnerabilidades.

O ponto: a humanidade precisa ativar não o imaginário criado pelo Ocidente, na premissa dos Estados Unidos de “eles” ou nós, ou de “só um herói salva”. Estamos diante da necessidade de uma revanche da solidariedade, inimiga número um do neoliberalismo. E com ela, aparecem outras virtudes que se expandem contra a visão individualista para que possamos sobreviver.

Nessa lógica, o coletivo e a solidariedade são características presentes na luta da sobrevivência contra um vírus global. Nada de heróis, nem de zumbis. “Eles” são “nós”. E “nós”, “eles”. E só juntos podemos parar e abraçar para continuar. Nem o herói solitário, nem o excepcional acima das leis, nem o inimigo é o outro. A cura para o vírus é a cura do nosso horizonte como sociedade. Sem ela, não há nós. E quando a chapa esquenta, só a solidariedade é uma possibilidade. Talvez o grande desafio da solidariedade esteja no egoísmo que o capitalismo ergueu dentro de nós, nas desigualdades que existem entre nós. O problema sempre fomos nós.

* Andrés del Río e André Rodrigues são doutores em ciência política pelo IESP-UERJ e professores adjuntos da UFF.

Publicado originalmente na Revista Escuta: LINk

Elogio à épica do Futebol – Argentina na Copa

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Faz tempo que não escrevo no blog, mas estou sempre escrevendo.  O blog tem muito visitante, coisa boa. Agradeço a todas (os) pelo carinho e mensagens.

O outro dia escrevi um texto para o site do Juca Kfouri sobre a ultima partida da Argentina contra Nigéria.  A seguir o texto, espero que curtam!

diegooo

Diego Marado – Copa do Mundo 2018 – Imagem El Pais.

 

Jorge Luis Borges, escritor argentino, não era amante do futebol. Falava que quando chegava o mundial, ele fugia para lugares onde era impossível que alguém falasse do campeonato. Quando alguém perguntava pelo esporte dominado pela redonda, ele indicava: “O futebol é esteticamente feio. Onze jogadores contra outros onze correrem atrás de uma bola não é especialmente bonito”. Tinha um profundo ódio ao futebol. Não somente a ele. “É popular porque a estupidez é popular”, sinalava o gênio. Sempre me inquietou esse fato. Um cara do tamanho dele não entender de épica, justamente ele, um dos maiores criadores.

Ontem, 26 de junho, a seleção argentina entrou no mundial. Não pelo jogo, nem
pelo gol de Messi. Mas porque se encontrou com a épica. E o sofrimento foi épico. E não só ele. A partida foi um quadro épico completo, barroco.

Na semana prévia ao jogo muita coisa se falou sobre a seleção, das piores coisas. Na era dos adoradores da mentira, a seleção foi fértil alvo criativo. Nada de futebol, muito de fofoca. Os jogadores entraram em campo sob suspeita de uma revolta, a revolução dos jogadores. Disseram que eles tomaram a patronal, o mando. Ninguém sabe a ciência certa do que aconteceu, mas a mística já estava no campo. Claro, liderados pelo o ídolo silencioso, que só sabe falar a língua dos pês.

O dia tinha silhueta de quadro de Caravaggio: um dia barroco com feixes de sol
santo que escolhiam o destinatário. E no centro, o guardião da seleção, aradona, iluminado pelos raios puros, puxando todos os olhares nas suas costas, amenizando os nervos iniciais da infinita torcida argentina. Em alguns momentos não se sabia onde se jogava a partida, na arquibancada ou no campo. As câmeras estavam mais preocupadas pelos movimentos do Diego que do Messi. O símbolo da transferência da épica. Os dois no mesmo espaço tempo, uma herança transmitida ao vivo.

O gol de Lionel teve seu carimbo de genialidade, só pra lembrar que ele não é deste planeta. Ou pelo menos, tem o mesmo passaporte que Diego. Assim, o festejo, com os braços para cima, querendo abraçar o céu e se juntar às mãos do Maradona. Os deuses se encontravam num grito sagrado. A religião multiplica a mística.

Já não havia em campo uma equipe destruída animicamente, senão uma ave fênix que, como Diego, sempre renasce das cinzas. Mas como toda épica, o sentimento não pode ser linear, mas sim tem as formas de uma montanha russa de emoções. Da felicidade do gol à tragédia do empate dos nigerianos. Nesse momento, o time mostrou o melhor e o pior que temos: desespero e determinação. Mascherano se tornou rapidamente na figura de primeiro coadjuvante, com sangue na cara e atitude de prócer. Só lhe faltou o cavalo. Não era o futebol, era a épica.

No espetáculo, a plateia dividia o palco. Os passes errados quase mudavam de direção pela presença da torcida, cuja força do canto parecia influenciar a trajetória da bola. Se Argentina jogava contra Rússia, eles seriam visitantes. Por alguns momentos os cantos de força se misturavam a uivos de sofrimento que doíam até no adversário mais obstinado. Mil vozes se corporizavam numa só, forte, que crescia e emocionava. A épica começava a estar presente também na arquibancada.

Quase no precipício do tempo, o jogador Rojo fez um gol que liberou as frustrações históricas, presentes e futuras. Tudo se mistura. Eu não escolhi gritar o gol. Uma voz descontrolada me tomou desde o centro neural do estomago e, como um parto, viu a luz gritando. Muito tempo mastigando bronca e imponência. Argentina é líder mundial do sofrimento e de governos ruins. Depois do grito, eu, como todo o resto, tinha emagrecido, ficado mais novo, livre, como se a vida fosse mais leve. Só por uma bola que tocou a rede. Todas as texturas dos sentimentos que cabem dentro do corpo de um ser humano estiveram presentes na partida. Um tsunami de emoções que se materializa com um grito liberador.

Nada disso compreendia Borges. Enquanto os jogadores ainda estavam se abraçando, Diego Maradona passou mal, porque até seres de outros planetas não podem lidar facilmente com emoções e sentimentos que o futebol nos proporciona e nos expõe. Alguns falaram que ele teve uma parada cardíaca, procurando fechar perfeitamente a épica em estado puro: a vida da seleção, do novo gênio e a despedida do gênio guardião. Os círculos se fechavam.

Mas ele não morreu e a épica e mística se multiplicaram: Vida, morte, sofrimento, autogestão, revolução, impotência e a felicidade em formato de grito. O juiz decretou o final da partida, mas ninguém deixou seu lugar. Todos, jogadores, torcedores e gênios unidos pelo sentimento épico que a seleção finalmente tinha chegado à Rússia.

O tango, segundo um especialista, é o sentimento triste que se dança. O futebol não é diferente. É um sentimento que se dança. E esse sentimento, sua profundidade e intensidade é proporcional ao tamanho da épica, da mística. Como o tango.

Borges nunca entendeu o popular mesmo tornando-se um. E o futebol não é um esporte na era do entretenimento hipnótico, mas um sentimento geometricamente redondo. E quando esse sentimento tem características específicas, se torna num sentimento épico, místico, único. Como a seleção. E uma seleção que tem um motivo épico, é um time com mística. Mesmo que não seja estético. A estupidez pode ser popular, mas a épica é universal.

Link do Blog do Juca: LINK

 

Curtam dos Aires da Copa!

Feliz 2018 !!

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Pessoal: Desejo um ótimo 2018 para todas e todos!
 
O ano só esta começado, ainda provando a vestimenta. Vai ser um ano de resistência, em defesa da democracia e contra a violência.
 
A maluquice tomou conta da politica no planeta todo. O ódio e a pouca tolerância são as características de nosso tempo. Pareceria que a diversidade e o diferente esta sob ataque. 

 

Cada um faz sua parte, faz a diferença, e é parte deste processo ser generosos, tolerantes, respeitosos, integradores e defender a inclusão e a diferença. Escutemos mais, olhemos mais aos olhos, abracemos mais, enfim, que floresça o melhor que temos. Não precisamos estar de acordo, o conflito é parte, mas o respeito é fundamental, sem ele, todo se quebra.
Desejo um 2018 cheio de respeito, ativismo em defensa da democracia e a inclusão. Num ano que começa com um horizonte com tormentas pela frente, ser comprometidos é fundamental!. E o compromisso é com todos, porque só somos quando todos somos.
 
Então, tomemos com calma, carregamos a pilhas, e não esqueçamos que num mundo hostil e com muita dor, as pessoas fazem a diferença. Cada um de vocês faz a diferença!
Curtam dos Aires Buenos do 2018!

A Arte Salva: o coletivo sobre o individual

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Momentos sombrios vive o mundo em geral e a América Latina em especial. Mas a arte é esse refugio que nos salva, que cria a realidade, que nos ensina a beleza da humanidade. A gente faz o impossível para boicotear qualquer projeto da inclusão. Mas arte nos guia, nos cria caminhos e nos salva.

No ultimo Lollapalooza 2017 foi um festa em Buenos Aires. Mais que isso, o show de The Stroke foi segundo eles o maior de todos. O publico fez de um show, um show único. Porque o coletivo nos alimenta, porque somos o outro e não simplesmente o individual. E quando o coletivo é alimentado a arte o resultado é fenomenal.

Se você esta num desses dias, nublado, obscuro. Bom, assista os videos aqui embaixo. Porque no final, todos somos um. Somos o outro. 

 

Show The Stroke em Lollapalooza 2017 Buenos Aires. 

 

Sim, a introdução é CUMBIA!. Se vocês querem escutar a versão e mix original: LINK

 

Mas não foi só nesse show que o publico demostrou a potencia do coletivo. No 2009, Oasis fez mais uma visita a Argentina, e desta vez fez um dos melhores show da sua historia.

 

Oasis 2009 Argentina

 

 

O mesmo aconteceu no já historio show de AC-DC em River Plate, Buenos Aires 2009. 

 

Enfim, sejam pacientes, se relaxem e peguem energia do coletivo e da arte, juntas são potencia pura. Pura humanidade. 

 

Curtam dos Aires Buenos da arte e do Coletivo!